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domingo, 14 de julho de 2013

Dilema entre as chaves e as algemas: a dor da opressão

                                                             (Imagem Getty Images)

     O cárcere é uma forma utilizada para segregar a liberdade de uma pessoa que tenha praticado crime, que no Brasil, ocorre de duas formas: com a prisão provisória ou com a prisão definitiva após o trânsito em julgado do processo criminal. As prisões provisórias responsáveis por encarcerar grande parte dos presos têm a função, segundo as normas processuais penais, de permitir que o Estado possa exercer o seu monopólio de punir sem que seja considerado como uma afronta ao princípio da não culpabilidade, previsto no art. 5º., inciso LVII, da Constituição Federal.
     Nesse contexto, a legislação tem ampliado o sistema prisional com um superencarceramento jamais visto em torno de 600.000 pessoas em que boa parte, aguardam o resultado final de seus processos encarcerados. Muitos deles, já cumpriram a pena durante o tempo que aguardam o julgamento do processo sendo que muitos tem grandes chances de absolvição. Nas duas situações o mal será irreversível. Os danos que a prisão acarreta são tão absurdos que só quem a conhece sabe os traumas que a pessoa vai carregar pelo resto da vida. São desconstruções de personalidade e desintegração social que a prisão introjeta no preso por se ver impedido de se deslocar, pela distância de seus familiares e amigos, as privações de aeração, iluminação e alimentação, condições materiais precárias, enfim são tantas as ausências que causam dor que esse pequeno texto é insuficiente para ilustrar.
     A tese de que no processo penal deve prevalecer a liberdade em detrimento da segregação é surreal. Trancafiar é mais simples que libertar. Prender seletivamente os desviantes escolhidos pelo sistema penal e esquecê-los no cárcere não é difícil, afinal quem vai sentir falta dessas pessoas?
     As chaves das celas demoram muito para se abrir. Quem tem o controle delas tem o poder sobre o destino e a vida do detento.  E quando se abrirem os males já instalados no corpo e no espírito do preso serão irreversíveis pois as algemas  marcaram a ferros. Esse é o dilema entre as chaves e as algemas posto que, embora as chaves possam libertar o corpo outrora preso, a alma permanecerá encarcerada por toda a vida.                   

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